A Comissão Europeia publicou o segundo relatório de análise ao estado da Década Digital, que estipula um conjunto de medidas e objetivos que os 27 estados membros deverão respeitar até 2030. O diagnóstico relativo a 2023 não é especialmente animador na análise global da União Europeia (UE), e começa por surpreender na análise específica de Portugal por apenas contar com dados de quatro dos 14 indicadores solicitados.

Além de figurar, juntamente com Áustria e Estónia, no topo dos países que menos informação cederam à Comissão Europeia, Portugal revelou estar em linha com a média da UE no índice de intensidade tecnológica, no desenvolvimento de empresas de nova geração conhecidas como unicórnios e nas competências digitais mais básicas. Em contrapartida regrediu na captação de profissionais especializados em tecnologias e comunicações.

Na página que publicou para análise específica da digitalização portuguesa, a Comissão Europeia sublinha que Portugal está em vias de alcançar a conectividade na quinta geração de redes móveis (5G) e na conectividade “gigabit” (uma alusão à velocidade das redes de fibra ótica) em todo o território antes da meta traçada para 2030. “Portugal tem do melhor 5G da UE nas bandas dos 3,4 e dos 3,8 Gigahertz”, refere a Comissão Europeia, apontando para uma quota de mercado do 5G que já chegou a 65,2% dos lares em 2023.

A maturidade dos serviços eletrónicos da saúde também é enaltecida pela Comissão Europeia ao revelar uma evolução de 40%, que permite colocar Portugal acima da média europeia. Mas há ainda os pontos fracos: apesar de estar um pouco acima da média da UE, Portugal continua sem fazer grandes progressos nas competências digitais mais básicas. A contratação de especialistas de tecnologias e telecomunicações também ficou aquém da média, e a Comissão Europeia sublinha mesmo que a percentagem feminina passou de 21% em 2021 para 20% em 2023.

Nas páginas sobre a iniciativa da Década Digital surgem igualmente os roteiros de trabalho seguidos por cada estado, mas, ainda que não seja caso único, o roteiro desenhado para Portugal não se encontra publicado.

O relatório da Comissão Europeia não esconde uma análise negativa sobre o diagnóstico global face aos objetivos definidos pela Década Digital para 2030.

“A análise da Comissão (Europeia) mostra que, no cenário atual, os esforços coletivos dos Estados-Membros ficarão aquém do nível de ambição da UE. As lacunas identificadas incluem a necessidade de investimentos adicionais, tanto a nível da UE como a nível nacional, em especial nos domínios das competências digitais, da conectividade de elevada qualidade, da adoção da inteligência artificial (IA) e da análise de dados pelas empresas, da produção de semicondutores e dos ecossistemas de empresas em fase de arranque”, alerta um comunicado publicado pelo executivo europeu esta terça-feira.

Fragmentação do mercado, dependência de fornecedores externos no que toca a semicondutores e chips, baixos níveis de contratação de serviços digitais entre estados membros, falta de profissionais da área das tecnologias e a reduzida penetração das redes 5G figuram entre os indicadores que mais contribuíram para uma análise menos otimista da evolução digital em 2023.

Ainda assim, o relatório da Comissão Europeia recorda que foram investidos na transição digital 205 mil milhões de euros nos últimos anos. O que totaliza 21% dos valores despendidos pelas diferentes linhas de financiamento comunitárias. Segundo a Comissão Europeia, o esforço feito com vista à transição digital pode desbloquear um valor económico avaliado em 3,4 biliões de euros.

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