Depois de uma prestação questionável no debate de quinta-feira, que levou muitos especialistas a duvidar da aptidão do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden admitiu que o seu desempenho não foi bom, mas que sabe “contar a verdade”.

Num comício realizado esta sexta-feira em Raleigh, na Carolina do Norte, Biden comentou pela primeira vez o confronto com Donald Trump, que ficou marcado pelos problemas vocais do Presidente e por dificuldades em concluir os seus pensamentos e frases.

“Sabem que não sou um homem jovem, para constatar o óbvio. Sabem que não ando tão facilmente como costumava, não falo tão suavemente como costumava. Não debato como antes, mas sabem que eu conto a verdade”, afirmou, citado pelo The Guardian. E, recorrendo ao seu habitual tom próximo com várias expressões idiomáticas, disse: “Quando somos derrubados, voltamo-nos a erguer”.

Num discurso bem mais efusivo e enérgico, e acompanhado por um público ruidoso, Joe Biden sublinhou que sabe distinguir “o que é certo do que é errado” e que continua preparado para assumir um segundo mandato como Presidente – caso vença as eleições, a sua Presidência prolongar-se-ia até aos seus 86 anos.

“Amigos, dou-vos a minha palavra como um Biden. Não concorreria se não acreditasse, com todo o meu coração, que sou capaz de fazer este trabalho. Porque, francamente, há demasiado em jogo”, apontou.

Justin Sullivan

O Presidente apresentou-se acompanhado pela esposa e professora Jill Biden, tendo sido introduzido em palco por outro professor na zona. O final do discurso terminou, simbolicamente, com Biden a afastar-se do púlpito enquanto passava a música “I won’t back down” (“Não vou desistir”), de Tom Petty.

O momento também serviu para atacar Donald Trump, tanto pelo seu registo criminal, como pela forma como esteve no debate. Trump, que é novamente candidato à Casa Branca depois de assumir totalmente as rédeas do Partido Republicano, passou o debate a proferir declarações falsas, nomeadamente em questões de aborto, sobre o estado da economia e sobre o seu tempo como Presidente, entre 2017 e 2021.

“Ele mentiu sobre a grande economia que criou. Mentiu sobre a pandemia que sabotou, matando milhões de pessoas. Fechou negócios, escolas, as pessoas perderam as suas casas por todo o país. A América estava de rastos”, argumentou.

O público em Raleigh, ressuscitando um cântico criado pelos apoiantes de Trump para atacar Hillary Clinton em 2016, gritou “Prendam-no” (do inglês “Lock him up”), depois de Biden ter considerado o ex-líder norte-americano como “uma onda de crime de um só homem”.

Ao contrário de Hillary Clinton, contudo, Trump foi mesmo considerado culpado de 34 crimes, no âmbito do caso extraconjugal com a atriz pornográfica Stormy Daniels. Trump está também a ser investigado em três outros processos criminais, e já chegou a um acordo de indemnização com a autora E. Jean Carroll, após uma acusação de agressão sexual. “O único criminoso em palco ontem à noite era Donald Trump”, rematou Biden.

As eleições norte-americanas estão marcadas para o dia 5 de novembro. Até lá, está agendado para o dia 10 de setembro um novo debate entre o democrata Joe Biden e o republicano Donald Trump, que nessa altura já serão oficialmente os escolhidos pelos seus partidos.

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