Entrevista SIC Notícias
O antigo primeiro-ministro, António Costa, recebeu esta terça-feira luz verde para a sua candidatura à presidência do Conselho Europeu. Em entrevista à SIC Notícias, o antigo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, não poupou elogios e disse que António Costa tem tudo para assumir este alto cargo. Sobre a falta de apoio por parte do Chega e da Iniciativa Liberal (IL) a esta candidatura falou em “imaturidade política”.
Esta terça-feira ficou marcada pelo acordo entre as famílias políticas europeias para os nomes escolhidos para ocupar os lugares de topo na Comissão Europeia, no Conselho Europeu e de alto-representante da Política Externa.
O antigo primeiro-ministro, António Costa, recebeu assim luz verde para o cargo de presidente do Conselho Europeu. Em entrevista à SIC Notícias, o antigo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, comentou a ida do socialista para Bruxelas.
“Acho que o Conselho Europeu fica muito bem servido. António Costa tem todas as qualidades requeridas para esse cargo. Tem a capacidade de construir consensos, de ouvir e entender os diferentes pontos de vista, tem uma sagacidade política reconhecida por todos, uma enorme experiência política e é um europeísta a 100%.”
Para Augusto Santos Silva as competências políticas de António Costa são “claríssimas” – o antigo primeiro-ministro tem as “qualidades, experiência, conhecimento e vontades necessárias” para assumir este alto cargo na União Europeia.
“Eu espero muito de António Costa e acho que ele é, além de um valor seguro, um valor acrescentado à dinâmica europeia”, acrescentou Augusto Santos Silva.
No panorama nacional, Augusto Santos Silva diz que é importante para o prestígio do país “acumular presenças muito importantes em diferentes cargos internacionais”.
Recordou figuras de alta relevância como o antigo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, o antigo alto representante para Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio, o antigo Diretor-Geral da Organização Internacional para as Migrações, António Vitorino ou o atual Secretário-Geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
Para si este reconhecimento permite “enriquecer” e “engrandecer” Portugal.
Costa tem o apoio do atual Governo mas há partidos que preferem criticar esta candidatura
A posição assumida pelo Chega em não apoiar a candidatura de António Costa à presidência do Conselho Europeia revela, na opinião de Augusto Santos Silva, a “natureza do partido”. Já no caso da Iniciativa Liberal (IL) fala em “imaturidade política”.
“Não há razão nenhuma para nós olharmos para as relações internacionais e para o interesse do nosso país nessas relações da mesma forma que olhamos para a política interna”.
O antigo presidente da Assembleia da República referiu que, no período em que esteve no Governo, António Costa cultivou laços importantes com Ursula von der Leyen.
“[Ursula von der Leyen] conhece bem duas características importantes dos portugueses em geral e de António Costa em particular. A primeira característica é que nós quando assumimos compromissos, cumprimos e somos muito cuidadosos. A segunda característica é que nós trabalhamos sempre para o avanço da integração europeia, somos contribuintes positivos para a integração europeia.”
“António Costa foi decisivo no modelo que levou à aprovação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do financiamento do mesmo”, acrescentou.
Santos Silva critica divulgação de escutas no Processo Influencer
Augusto Santos Silva tem-se mantido “discreto e contido” perante a polémica em redor das escutas divulgadas no seguimento da Operação Influencer.
“Fazia bem a todos, a começar pelo próprio Ministério Público que a Procuradora-geral da República desse explicações”.
No entanto, diz não compreender como o Ministério Público manteve uma pessoa sob escuta durante quatro anos.
