André Pereira Matos, professor de Estudos Europeus, analisa a eleição de António Costa para a presidência do Conselho Europeu e explica o que se segue a esta votação.
António Costa foi eleito esta quinta-feira presidente do Conselho Europeu para o próximo ciclo institucional. A decisão foi tomada por uma maioria qualificada dos líderes dos 27 Estados-membros. António Costa tomará posse em dezembro. Até lá, o processo obedece a várias fases, como explica o professor de Estudos Europeus, André Pereira Matos.
A par da eleição do ex-primeiro-ministro português, foram também indicados na cimeira de líderes em Bruxelas dois nomes para a liderança da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a estónia Kaja Kallas para Alta Representante da Política Externa e Segurança, sendo que nestes dois últimos casos, o processo não está fechado.
“Há apenas uma indicação desses nomes e, portanto, avançará nos próximos meses para os passos que sabemos que terão que ocorrer, nomeadamente a apresentação formal dessa candidatura por parte do Parlamento.
Os debates costumam ser bastante intensos e depois serão seguidos nas votações e aí sim, nós conseguiremos perceber se isolar a extrema-direita neste momento das negociações terá tido ou não um bom resultado ou trará ou não dificuldades numa votação favorável para rsula von der Leyen”, explica André Pereira Matos.
António Costa vs Charles Michel: continuidade ou rutura?
Sobre o perfil do socialista António Costa, comparativamente com o seu antecessor, o liberal Charles Michel, e o que se pode esperar no futuro na liderança portuguesa no Conselho Europeu, o especialista realça:
“São perfis ligeiramente diferentes e, no entanto, eu destacaria a origem ideológica dos dois não se distancia tanto assim no que se refere àquelas que são as principais linhas que orientam a atuação de um presidente do Conselho.
Falamos de dois políticos com uma visão europeísta relativamente próxima em termos de daquilo que se pretende para a União Europeia ou que deve ser a União Europeia no mundo e as suas posições, nomeadamente nas nas relações externas (…) Não há assim uma divergência, não há uma situação de rutura e, pelo contrário, espera-se uma certa continuidade, utilizando aquelas que têm sido características elogiadas por várias forças internas e internacionais na nesta candidatura”.