“A Amnistia Internacional acolhe com satisfação a notícia positiva de que Julian Assange foi finalmente libertado da custódia do Estado britânico, após cinco anos de prisão, e de que esta provação está a chegar ao fim para ele e para a sua família”, declarou a secretária-geral da organização, Agnès Callamard, num comunicado.

“Acreditamos firmemente que Julian Assange nunca deveria ter sido preso e temos apelado continuamente para que as acusações sejam retiradas”, acrescentou Callamard, referindo-se aos 1.901 dias passados na prisão de alta segurança de Belmarsh enquanto aguardava o desfecho do seu processo de extradição para os Estados Unidos, que queriam julgá-lo por 18 crimes de espionagem e intrusão informática, por ter divulgado documentos secretos que em 2010 e 2011 expuseram violações de direitos humanos cometidas pelo Exército norte-americano no Iraque e no Afeganistão.

Tratou-se de uma das maiores fugas de informação confidencial da história dos Estados Unidos, que revelou segredos das atividades diplomáticas e militares norte-americanas durante as guerras do Iraque e do Afeganistão, bem como dados sobre os detidos na base de Guantánamo, entre outras matérias.

“O facto de as autoridades norte-americanas estarem há anos empenhadas em violar a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão, fazendo de Assange um exemplo por ter denunciado alegados crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos, causou, sem dúvida, danos históricos”, sublinhou a responsável da organização não-governamental de defesa dos direitos humanos.

Washington queria julgar Assange por divulgar mais de 700 mil documentos confidenciais e era acusado ao abrigo da Lei de Espionagem de 1917, incorrendo numa pena de até 175 anos de prisão, mas a 20 de maio, o Tribunal Superior de Londres autorizou-o a recorrer da ordem de extradição do Reino Unido para os Estados Unidos.

Hoje, o portal Wikileaks anunciou que Julian Assange, de 52 anos, foi libertado na segunda-feira de manhã e transportado para o aeroporto de Stansted, onde embarcou num avião, na sequência de um acordo com a Justiça norte-americana, nos termos do qual aceitou declarar-se culpado de um dos crimes: conspiração para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais relacionadas com a Defesa e a Segurança Nacional dos Estados Unidos.

Assange vai comparecer na quarta-feira num tribunal das Ilhas Marianas, território norte-americano no Pacífico, para finalizar um acordo de confissão de culpa alcançado com o Departamento de Justiça norte-americano, e será condenado a 62 meses de prisão, uma pena já cumprida em prisão preventiva em Londres, decisão que lhe permitirá regressar ao país natal, a Austrália.

“A Amnistia Internacional saúda o trabalho da família de Julian Assange, dos ativistas, dos advogados, das organizações de defesa da liberdade de imprensa e de muitos outros membros da comunidade mediática, e não só, que o apoiaram e defenderam os princípios fundamentais que devem reger o direito e o acesso da sociedade à informação e à justiça. Continuaremos a lutar pelo seu pleno reconhecimento e respeito por todos”, concluiu a secretária-geral da Amnistia Internacional.

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