O nome da atual líder parlamentar do PS tem sido um dos mais falados do novo PS de Pedro Nuno Santos. Alexandra Leitão foi escolhida pelo secretário-geral socialista para ser a coordenadora do programa eleitoral e, depois, para ser a sua líder parlamentar. Mas Leitão olha para futuro e vê a possibilidade de não ficar sempre como o braço-direito e assume, quando questionada, que é uma “das mulheres com condições” para um dia ser primeira-ministra.

A conversa sobre um futuro hipotético foi tida no programa Dona de Casa, da Antena 3, da jornalista Catarina Marques Rodrigues. Nessa conversas sobre como é ser mulher num mundo ainda de homens, Leitão falou diretamente da ambição que é muitas vezes coartada às mulheres e assumida pelos homens e por isso, explicando o contexto, admitiu que pode entrar no lote de futuros candidatos: “As mulheres em regra são mais recatadas em afirmar essas ambições do que os homens. Uma das razões pelas quais os homens chegam mais aos lugares, aos cargos, também é porque se chegam mais à frente afirmando ‘eu quero’. Fazem bem. As mulheres tendem mais a ‘ah não sei, vamos ver, logo se vê e tal’. Eu diria que gostaria muito que houvesse uma primeira-ministra mulher em Portugal, gostava que essa primeira-ministra fosse do meu partido, naturalmente, que eu quero que o meu partido governe e acho que sou uma das algumas dentro do partido que tem essas condições, sim.”

Na conversa para o programa da Antena 3, Alexandra Leitão fala das dificuldades que as mulheres sentem sobretudo porque a maternidade – e a vontade de estar com os filhos e vê-los crescer – pode dificultar a disponibilidade para reuniões políticas e conta que fez uma opção pela carreira académica para, depois, já com as filhas mais velhas, se dedicar mais à política. A líder parlamentar do PS defende o sistema de “quotas” para a participação de mulheres nas instituições políticas, mas também em empresas e defende, aliás, que poderia ir mais longe como em órgãos como o Conselho de Estado. Ainda na semana passada o PS, PSD e Chega chegaram a acordo sobre os nomes a indicar para aquele órgão e não foi indicada nenhuma mulher como representante escolhida pela AR.

Há dois anos, em entrevista ao Expresso, Alexandra Leitão, então deputada que tinha recusado a liderança da bancada proposta por António Costa, deixava claro que a sua vida política não ficaria por ali e assumia que algumas das suas características podem tê-la prejudicado. “A política sem paixão faz-me confusão. A política técnica, em que se defende isto como se poderia defender aquilo, sem levantar a voz, nem dizer nada fora do sítio, isso não é para mim. A maior parte das pessoas até pode achar que fui excessiva, mas pelo menos vê paixão. Houve momentos em que me beneficiou, como na história dos colégios amarelos, outros em que me prejudicou”, assumiu.

E isso, não tinha dúvidas, estava ligado também ao facto de ser mulher: “Uma mulher tem sempre de ter muito cuidado para não ser considerada histérica. É raro ouvir dizer que uma mulher tem carisma por ser assertiva. Não quer dizer que não haja homens cuja paixão os prejudique também”, dizia.

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